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Bichos-papões

caneta marcador sobre papel
desenho
dimensões variadas
2014

Texto escrito em 2014:

A série de ilustrações Bichos-papões, produzida manualmente com tinta sobre papel, consiste na representação de figuras fantásticas e híbridas.

 

Os corpos desses seres não são, intencionalmente, proporcionais, e, se traçarmos um paralelo com a atualidade, não pertencem ao padrão de beleza vigente. São esquálidos ou obesos, pálidos, com dedos nodosos, peludos. Porém, embora tratados por meio de seres exagerados, são naturais - esses monstros seriam então uma hipérbole da natureza do corpo humano.

 

Os chifres e demais signos recorrentes na iconografia do medo e fantasia sugerem um universo de abstração - e falar do abstrato é uma forma de falar do mundo que nos permeia.

 

A ideia de territorialidade, que implica a de um lugar onde questões de poder ocorrem e fazem parte da configuração desse espaço, aparece no trabalho a partir da sensação de não-pertencimento dentro de um mundo coercitivo, no que diz respeito à estética do corpo, que cada ilustração vem a representar.

 

Assumir esse corpo transgressor e revesti-lo de uma beleza que não é a que estamos habituados a frequentar é uma das propostas da série, mas também, e sobretudo, mostrar esse mundo fantástico e por vezes medonho como possível de se circular, já que aqui ele é usado para metaforizar os medos (de se expressar e se reconhecer como um ser essencialmente sexual), inseguranças e todos tabus que revestem o corpo, suas nuances e possibilidades de exploração.

Série de desenhos exposta na mostra coletiva "Carne Fresca", na Galeria Hiato (Juiz de Fora, 2014)

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